Havia uma princesa que vivia no Reino dos Contrastes. Erudita de carteirinha, aventurou-se no estudo das letras, e durante a faculdade estudou com afinco o latim (assim como todas as outras matérias), devorou vasta literatura da biblioteca e cantou no coral. Mas, é certo que jamais abandonou outros interesses, tão diversos dos primeiros: a cervejinha do fim de semana, o arrasta-pé e o discurso feminista. A princesa suspirava e registrava versos romanescos, ao mesmo tempo em que verbalizava planos de permanecer avulsa na vida, eterna profissional full time. Prezava muito essa tal liberdade de ir e vir, mas, estranhamente, mal graduou-se em terras longínquas retornou à barra da saia da rainha-mãe. A princesa, por estes tempos, conheceu um príncipe, que como ela, poetizava. Verso vai, ônibus vem, o príncipe, tal qual experiente ourives, trabalhou e esperou o tempo necessário a cada etapa na construção da mais bela jóia. Assim, a resiliente princesa, jóia de raríssima pureza, terminou por vergar (sem comprometer a paradoxal estrutura básica) em direção à grande tarefa na existência cristã: crescei e multiplicai-vos. E feliz vai a princesa anunciando as núpcias, evento antes inimaginável na sua feminilista de planos...