Amigos, colegas, companheiros, conhecidos. Encontramos pela vida pessoas magníficas, parcerias em fatos e fotos, lembranças em um caleidoscópio de sensações. Boas relações oferecem segurança, entregam o paraquedas para você não despencar, compõem memórias guardadas terna e eternamente. Contudo, inexplicavelmente, as pessoas por quem menos se tem afinidade ou simpatia são as que deixam as recordações mais latentes. Pessoas que sem cerimônia ou delicadeza gramatical te empurram no precipício, puxam seu tapete, furam seu olho. O sentimento instintivo de autodefesa faz corpo e mente reagirem à contrariedade. Pupilas dilatadas, pulsação acelerada, resposta na ponta da língua. Ou das mãos e pés. Passada a explosão (ou para muitos implosão) de instinto, a reflexão sobre a crítica recebida vale como aprendizado. É possível montar um questionário inteiro de autoavaliação, com as respostas, e algumas vão direcionar as ações por muitos anos (mesmo que jamais admita que o “inimigo” estava certo). Assim, certa vez aprendi que para perfurar uma folha bem no centro basta dobrá-la ao meio, e que isso é puramente estético mas demonstra zelo pelo trabalho. Então você vai ter que conviver com a lembrança da pessoa que acreditava estar livre quando mudou de emprego.